A Viagem (Parte 01)

Cheguei a São Paulo sem saber meu destino exato. Estava com minha mochila nas costas e um mundo de possibilidades nas mãos. Lembrei-me do que havia combinado um dia antes de sair de Brasília e peguei o celular, discando os números anotados num pedaço de papel dobrado. Uma voz estranha respondeu do outro lado.

- Alô?
- Cacau? – perguntei hesitante.
- Sim, quem é?
- É o Léo... lembra? – estava completamente sem-graça.
- Léo?! Você já chegou em sampa?
- Acabei de sair do avião. Ahn...
- É?! Então espera aí! Tô saindo de casa agora! Chego aí em menos de 1h.
- Ok. Onde te encontro?
- Relaxa. Te ligo nesse telefone quando chegar!

Desliguei o celular um pouco inseguro. Não seria a primeira vez que encontraria pessoalmente alguém que havia conhecido pela internet, mas o friozinho na barriga pareceu não se importar com isso.
Fui até uma livraria atrás de um guia sobre a Nova Zelândia, sempre em busca de algum detalhe interessante que poderia ter deixado de lado ou algum lugar que não se pode deixar de visitar. Não que eu já num tivesse pesquisado exaustivamente sobre o assunto através da internet, mas nunca se sabe.
Assim se passaram mais de trinta minutos até meu celular tocar como o prometido. Fui até a praça de alimentação sempre atento ao rosto que havia conhecido apenas através de uma foto.

Abri um sorriso quase involuntário ao encontrá-la e então caminhei em sua direção. Recebi um sorriso tímido em resposta e um exame ligeiro no meu visual. Aproximei-me dando um abraço de corpo todo um pouco desajeitado e um beijo em sua face. O abraço durou talvez um segundo a mais que o normal, o suficiente para sentir a fragrância do perfume que inebriou meus sentidos por um instante.
Cacau estava linda. Usava uma bota preta de couro, salto e cano altos e bico fino, um conjunto social preto com uma camisa branca e uma gargantilha que combinava com os brincos. Seus cabelos castanhos longos e soltos emolduravam um rosto singelo e claro, com uma boca bem desenhada de sorriso contido e de olhos honestos que pareciam me revelar sua alma. Uma estranha esbelta e interessante. Senti-me um pouco encabulado por estar com minha roupa de viagem: all-star preto, jeans rasgado, uma camisa cinza simples e a barba por fazer.
Depois do primeiro contato, pedi por uma indicação dum lugar para comer algo e fomos a um restaurante que ela gostava de freqüentar. Pegamos o carro dela e pude guardar minha mochila que já estava começando a pesar. Durante o trajeto, o gelo que havia inicialmente foi derretendo e o ritmo usual de nossas conversas virtuais que varavam as madrugadas se restabeleceu.

Quando chegamos ao restaurante já estávamos envolvidos numa conversa descontraída. O lugar calmo e aconchegante foi uma surpresa no meio da confusão de São Paulo e foi ideal para aproveitar a agradável companhia. A conversa fluiu leve através de todos os tópicos possíveis, passando desde família, viagens e trabalho até chegarmos a sexo. Acho que neste momento a comida acabou, o assunto cessou e o silêncio voltou. Não contive um sorriso de lado e uma risada espontânea. Cacau sorriu com todos os dentes e nossos olhares se conectaram. Pedi a conta e ao nos levantarmos ao mesmo tempo quase tocamos nossos rostos. Afastamo-nos sorrindo sem quebrar a conexão do nosso olhar. Respirei fundo inalando um pouco mais de seu perfume e a segui até a entrada do restaurante.
Não foram apenas esses diversos detalhes que me motivaram, mas um olhar dela para trás com um sorriso genuíno enquanto nos aproximávamos da saída que me fez puxá-la pelo braço e beijá-la. Surpresa, ela me afastou e recuperou o fôlego antes de me abraçar e retribuir o beijo. A química estava clara. As línguas se entrelaçaram em harmonia e atiçaram o desejo de ambos.
Um garçom passou pedindo licença e quebrando o clima. Meio sem jeito, Cacau sorriu pra mim e andamos para fora do local.

- E então senhor leão, para onde você quer ir agora? – perguntou com um sorriso no rosto.
- Ah... – disse e olhei ela nos olhos – Para qualquer lugar onde eu possa arrepiar cada fio de cabelo do teu corpo...
- Hmm! – disse tentando disfarçar o rosto corado – Acho que conheço um lugar assim aqui perto.

E assim, entramos no carro e fomos para seu apartamento. Dois estranhos cedendo ao desejo mútuo...

2 comentários:

menina fê disse...

impossível resistir a essa tua resposta.

adorei!
bjs meus

Anônimo disse...

Cacau tu e rica e nao sabe queria ta no teu lugar hhhhhaaaaaa!

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